Márcio Fernandes, 40, é administrador de empresas por formação e líder por vocação. Filho de pai metalúrgico e de mãe doméstica, começou a trabalhar aos 12 anos, como empacotador. Desde essa época sua paixão era estar próximo aos líderes, compreender a estraté- gia da empresa e saber aonde o trabalho poderia conduzi-lo.
Engenheiro formado “não na faculdade dos meus sonhos, mas naquela que deu pra cursar...”, viu sua vida dar uma guinada em 2004, quando entrou na distribuidora de energia Elektro, da região de Campinas (SP). Em apenas sete anos, com 36 anos de idade, já era o presidente da empresa.
Em 2014, Márcio Fernandes foi eleito o líder empresarial mais admirado do Brasil, de acordo com os rankings da revista Você S/A e da Great Place to Work/Época. É o reflexo do índice de 99% de satisfação dos colaboradores da Elektro. Este ano a Elektro foi escolhida a Melhor Empresa para Trabalhar na América Latina. A experiência se transformou no livro Felicidade dá lucro, onde Fernandes, que falou ao Megafone, explica sua filosofia de gestão.
Megafone: Qual é o primeiro passo para alcançar o bem estar e a
felicidade dentro das organizações?
Márcio Fernandes: O que as pessoas mais sonham é ter um propósito
maior. Quando elas percebem que sua vida profissional pode ser gratificante,
entendem também que podem ser felizes em tempo integra
Como é possível elevar o nível de consciência do profissional para que seu trabalho ganhe propósito e afetividade?
Tenho diversos exemplos. Um deles é a Escola de Eletricistas, criada por nós. Qualquer pessoa pode estudar ali. Mas pedimos que o candidato acredite em si mesmo. Por isso, na hora de entrar na escola é preciso se dedicar em período integral por seis meses. Quem faz isso, não faz para errar: tem a capacidade de enxergar o fim desde o começo. Absorvemos 89% da mão de obra formada.
Qual é o segredo do bom líder?
Ele só precisa ser justo. E ser justo todos os dias. O chefe não precisa ser bonzinho. Quando se adota uma conduta ética, transparente em tempo integral, nada vai dar errado. Mas é difícil ser assim. Digo para os meus líderes que, no dia em que um deles não estiver bem, se correr o risco de cometer alguma injustiça, prefiro que fique em casa; não há problema. Mas quando ele vier, precisa estar lá de corpo e alma. Tem que dar o que tem de melhor. Assim, todos prosperam. A liderança não está no líder, mas no momento. A pessoa que protagoniza o momento é quem lidera.
Sua filosofia de gestão é convergente com o cooperativismo?
É totalmente convergente com a
prática e com os princípios do cooperativismo. Em ambos há o trabalho de
desenvolvimento de boas práticas que devem ser compartilhadas. Minha filosofia
de gestão é baseada na felicidade e no respeito, valores universais. Mas se
alguém dissesse que a mesma filosofia havia nascido em uma cooperativa, seria
perfeito porque os princípios são compartilhados. É natural ao cooperativismo a
essência do que ensino.
Em que medida a responsabilidade socioambiental é importante para sua
filosofia de gestão?
Não é possível falar em propósito
sem falar de sociedade. Tudo que pudermos fazer para tornar nossos propósitos
individuais mais amplos e nobres, nós faremos. Convidamos nossos colaboradores
a embarcar em propósitos maiores para que outras pessoas também possam sonhar
com uma carreira, saúde, paz... Isso nos faz muito mais felizes e engajados
nesses propósitos. Assim, conseguimos unir colaboradores que tinham problemas
de relacionamento entre si e que passam a trabalhar em cooperação. Rapidamente
eles percebem que os problemas que achavam ter muitas vezes se resumem à falta
de diálogo. Uma inimizade se transforma em amizade.
Mais de 600 empresas já se interessaram por sua filosofia de gestão.
Como é possível obter mais informações?
Qualquer pessoa pode fazer o download do livro Felicidade dá lucro (Companhia das Letras), gratuitamente, pelo site filosofiadegestao.com.br. Aqui, o livro deveria ser chamado de Felicidade gera sobras, não é?
Fonte: Sistema OCB