São muitas questões que
influenciam a produtividade do agricultor na hora do manejo de resistência de
doenças e pragas. Para que elas sejam respondidas de forma correta é preciso
entender como funciona a fisiologia da planta e também da doença. Sem o
conhecimento necessário, a decisão errada poderá afetar toda a produção. Mesmo
utilizando o fungicida, mas neste caso de forma tardia, provavelmente você terá
um controle ineficaz e terá de combater um surto de ferrugem ou manchas.
É muito importante que fique claro
como funciona o processo. Com quatro ou cinco folhas a infecção da soja por
manchas, por exemplo, já aconteceu. A ferrugem, por ter uma progressão um pouco
mais lenta, está acontecendo. O fato de chover ou não, tem mais a ver com o
tempo de evolução da doença, que no período chuvoso é mais rápido. Entretanto,
a inoculação da soja está acontecendo, pois em grande ou pequena escala, o
vento e a chuva já auxiliaram neste processo.
A dúvida desta fisiologia acontece,
pois somente no momento do florescimento pleno, em algumas regiões do Brasil
ainda mais tarde é que os sintomas começam a ser vistos pelos agricultores. Mas
quando os sinais aparecem, o manejo de controle da resistência fica cada vez
mais difícil de ser contido. É sempre mais fácil tratar no começo, do que
quando a infecção já tomou proporções alarmantes.
Por estes motivos descritos, a
aplicação do fungicida deve ser no momento em que a doença está se instalando
na planta, mesmo que não tenha sintomas claros de que existe uma doença. É
muito mais recomendável prevenir do que remediar.
É preciso ampliar o espectro de ação
do fungicida. A partir do surgimento da quinta folha é o momento em que a
planta está com uma atividade fisiológica muito boa, com um nível de infecção
apenas inicial. É nesta hora que o desempenho da solução tecnológica atinge o
máximo de seu poder. Se o produtor deixar para agir mais tarde, quando já
tivermos um grau de infecção bastante alto, com certeza a reposta do produto
vai cair.
Então com a soja atingindo o
crescimento entre quatro ou cinco folhas e seu florescimento, é a hora exata de
se fazer a primeira aplicação, independente de qualquer fator externo, seja
relacionado ao clima ou se de fato existe mesmo a infecção. Não tem como esperar
para ver.
Esta janela de 20 dias, entre o começo
e o florescimento, é a hora que o agricultor precisa fazer a primeira
aplicação, estar próximo da sua lavoura e segurar a evolução do inóculo, pois
se deixar crescer, criar inóculo, e houver o crescimento da área folhear, o
fungicida não atingirá mais o baixeiro na hora de aplicar e com certeza terá
dificuldade para fazer o controle de uma ferrugem, por exemplo.
Mas somente ter o tempo certo para
iniciar a aplicação do fungicida não é a única solução para ter uma produção
com o controle de resistência de pragas e doenças feita da maneira ideal. É
preciso seguir o cronograma normal. Com um intervalo de 15 a 18 dias, o
produtor deve fazer a segunda aplicação. Em seguida, diminuindo um pouco o
período de intervalo, a terceira e assim sucessivamente. Só assim, você
conseguirá manter a infecção em um nível baixo, sob o seu controle. Se ainda
tiver dúvidas, é essencial consultar um engenheiro agrônomo para orientar na
sua produção.