Cultivo de soja já é realidade no Sul de SC «Voltar

Nunca antes havia se cogitado a possibilidade de cultivo de soja no Sul do Estado, uma vez que o arroz sempre foi o grão dominante na região.

Santa Catarina sempre esteve presente nos índices comerciais e produtivos, de forma tímida. As adaptações devido ao clima e tipo de cultivo foram essenciais para a ampliação da cadeia produtiva. Neste sentido, a Embrapa exerceu papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas e técnicas mais eficazes para a região.

A Cooperja – Cooperativa Agroindustrial de Jacinto Machado vislumbrou a possibilidade de apresentar o cultivo do grão aos seus associados e clientes, disponibilizando benefícios de produção, assessoria técnica especializada, produtos adequados ao melhor manejo, e agora, recebimento da produção. “Oferecemos mais uma alternativa aos nossos associados. E o recebimento é a garantia que a Cooperja está dando, que vai investir em mais esta cultura. Os benefícios são: nova renda, melhor aproveitamento da terra e inovação em nossa região. Precisamos dar condições para os associados permanecerem no campo”, destaca o presidente da Cooperja, Vanir Zanatta.

Nesta primeira safra, espera-se receber entre 8 e 10 mil sacas. Ou seja, entre 480 a 600 toneladas. Até o momento foram recebidas 4.120 sacas, o que equivale a 247 toneladas do grão. Um número alto, para o início do processo na Cooperativa. “Ainda não temos muitos agricultores plantando, precisamos ajustar épocas de plantio, com a cultura do arroz”, afirma Zanatta. “Decidimos plantar soja safrinha por ter um preço atrativo, para realizar a rotação de culturas e ter uma renda extra”, explica o produtor Leonardo Z. Ghizzo.

Embora a região apresente solos propícios para o cultivo de arroz irrigado, com terras encharcadas, são oferecidas aos produtores sementes adaptadas para áreas de várzea. Conforme cases do Departamento Técnico da Cooperativa, em parceria com as empresas Basf e Syngenta, esta é uma opção de plantio com rotação ou sucessão de culturas. Uma forma benéfica e eficaz para manejo de plantas daninhas resistentes a herbicidas, melhoria dos atributos físicos e químicos do solo e, principalmente, uma fonte de renda.

“Plantamos em uma área de milho, até porque o milho safrinha é muito difícil de manejo e produtividade. Aliás, esta é a segunda vez que plantamos soja. No ano passado tivemos prejuízo por não termos a variedade adequada, plantio tardio e a colheita aconteceu em um período chuvoso estendido. Contabilizamos 17% de impureza. Mas tudo isso serviu de aprendizado. Este ano colhemos 408 sacas, e com apenas 0.8 de impureza. Ainda não é o que esperamos, mas a média ficou em 35 sacas/ha. Estamos satisfeitos com o resultado. Além disso, com o apoio da Cooperja tudo é mais tranquilo. A Cooperativa vende o portfólio de insumos, presta assessoria técnica, e agora também recebe a produção. Assim, é possível diminuir custo de frete, sem contar que já estamos acostumados a negociar com a Cooperativa”, destaca o agricultor.

Ainda segundo o case realizado em parceria com a Basf, na área do CDC, os resultados são interessantes em relação ao preparo, correção e adubação do solo; manejo fitossanitário; tratamento de sementes industrial e controle de pragas. “Queremos incentivar o plantio de soja após o cultivo do arroz, nas mesmas áreas de terra, para não diminuir o cultivo do milho, pois também precisamos deste grão”, declara o presidente.

Além disso, para terras altas, não há necessidade de sementes adaptadas, nem rotatividade de culturas. Nestes casos, a soja seria uma renda importante, aumentando o lucro oriundo do trabalho agrícola de muitas famílias do Sul catarinense.

O crescimento da indústria de óleo tomou maiores proporções nos anos 70, e ajudou para a expansão da soja brasileira. O fato só ocorreu pois o grão é formado por 40% de proteína e 20% de óleo. Isso em relação ao seu peso seco, o que a torna matéria-prima para produção de óleo vegetal e alimentação animal. Hoje este quadro mudou. A soja e seus derivados são utilizados também para a alimentação humana, produção de biocombustíveis, cosméticos, entre outros.

Segundo a Aprosoja, trazido dos EUA em 1882, o grão só teve força de produção em meados de 1960, destacando os Estados do Paraná e principalmente o Rio Grande do Sul como grandes produtores, onde as condições climáticas deste último se equiparam as regiões produtoras norte-americanas. De lá pra cá, começou a expansão agrícola e hoje, o Estado do Mato Grosso é o líder de produção, com 26% da faixa de mercado.

Fonte: Cooperja