A volta do crescimento «Voltar

José Zeferino Pedrozo presidente da Faesc e do Conselho de Administração do Senar/SC

Após quatro anos de crise, o horizonte da economia brasileira para 2019 se apresenta com cores mais otimistas para o setor primário. O cenário é de uma safra maior de grãos, com clima mais favorável, um crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio e uma alta de 4,3% no Valor Bruto da Produção (VBP), que mede o faturamento da atividade agropecuária dentro da porteira, de acordo com estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O ano de 2018 foi marcado por incertezas políticas, mas é preciso reconhecer que o impacto do choque global (guerra comercial entre EUA e China, dólar elevado etc.) na economia brasileira foi atenuado por uma política econômica consistente, uma posição externa sólida e por expectativas de inflação bem ancoradas.

O setor foi muito prejudicado pela paralisação dos caminhoneiros, que encareceu o preço dos insumos agropecuários e afetou a comercialização da produção primária. Os produtores também conviveram com o clima desfavorável, o aumento dos custos de produção e a queda dos preços e de rentabilidade. Mesmo assim, o setor foi destaque nas exportações, com receita de cerca de 100 bilhões de dólares, respondendo por 42% das vendas externas totais do País. A agropecuária também deu importante contribuição na geração de empregos, com um saldo positivo de 74,5 mil postos de trabalho, 10% do total, sendo o quarto segmento que mais ofertou vagas no País.

Para 2019, os riscos e oportunidades dependerão muito da manutenção da política econômica ortodoxa e aprovação de reformas estruturais, que podem promover o reequilíbrio fiscal, abrindo espaço para recuperação mais rápida da economia, além da manutenção dos juros baixos. O otimismo que impregna o mercado está fulcrado na eleição de Jair Bolsonaro com uma agenda liberal e uma pauta de franco apoio à produção. Mas o fator decisivo serão as reformas – especialmente a da Previdência – pois somente elas asseguram a retomada da confiança e a volta dos investimentos. Qualquer procrastinação nessa área pesará sobre a economia.

A atividade econômica segue em processo de recuperação, ainda que em ritmo bastante gradual, após uma das recessões mais intensas da história republicana. As expectativas para o Ano Novo são de uma safra de grãos maior que 2018, cuja colheita totalizou 228 milhões de toneladas. A produção de soja na safra 2018/2019 deve crescer 6% em relação à safra anterior, com boas condições climáticas em praticamente todos os Estados.

No cenário político, necessária é a conclusão das reformas tributárias e da previdência no novo governo para permitir o crescimento do setor. Outros pontos importantes para 2019 são a melhoria nas condições de infraestrutura e logística, segurança no campo, introdução de marcos regulatórios e a ampliação da assistência técnica e gerencial para produtores com o objetivo de propor a melhoria da renda do setor agropecuário.

O Brasil precisa avançar, no plano internacional, na conclusão dos acordos comerciais em negociação com Coreia do Sul, México, Canadá e outros mercados, com medidas que promovam a facilitação do comércio, remoção de barreiras sanitárias e fitossanitárias e a redução de tarifas. A diversificação da pauta exportadora, a inclusão de pequenos e médios produtores no processo de exportação, a celeridade em negociações de acordos fitossanitários e o fortalecimento das relações comerciais com países asiáticos são outras metas que o Brasil deve priorizar. Então, poderemos voltar a crescer em 2019.

Fonte: MB Comunicação